segunda-feira, 12 de julho de 2010

Fatores genéticos

Meu pé é de meu pai:
dobra e afina,
unhas arredondas e retas
encaixam: cutícula.

Tendem os tendões a esticar a pele
como cordas de aço fortes!

Fluxos no dorso, na planta
do pé do meu pai
que sustenta e apoia.

O talo A ponta

Hálux valgo, calcanhar magro

Pododáctilos flexionam-se sobre si
tímidos.
Estendem-se em movimento
de impulsão e atrito.

Meus pés, meus pais.

sábado, 17 de abril de 2010

A largada!

Correr
até se transformar em vento,
até ultrapassar pensamentos.
Correr,
virar alma em corpo,
esquecer das pernas
dos batimentos . . .
Correr
em instantes de tempo
passadas ritmadas
ponta, calcanhar, ponta,

Correr para alcançar a si mesma
num lugar que nem sei se posso
mas já estou.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Intubação

Laringo, coxim, tubo.
Testar o cuff.
Posicionar a cabeça,
Sonda de aspiração, sedação.

Visualizar e:
Calma!

Lá está a traqueia,
O movimento das cordas vocais,
Desejantes por respiração.
Pulmões insuflados, ou até colabados,
Aguardam o ar,
aliviante.

Ufa!
Momento de tensão.

Aprendizado delicado.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A dor evasiva

A dor de saber da separação

Da ruptura do cordão,

Da vida nascente.

A dor do ciúme corrosivo, ensurdecedor

Da mente evasiva do próprio corpo.


Será a casa... Esvaindo-se de mim?


Vísceras expostas, sangrentas, no vento seco hospitalar.

Tanta dor!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um dia no parque

O menino do boné vermelho

Olha atento as tartarugas

imóveis

`a luz do sol intenso .

A menina chega contente para apreciar o instante

Reflexivo da água

Esverdeada, penetrante.

O relógio desperta curiosidade nos transeuntes que passeiam

móveis

Em pequenos grupos

Aflitos,

com o registro da máquina fotográfica

no transitório momento,

Num feriado comum.

Numa segunda feira,

O sorriso da mulher bonita

que posa com sensualidade para o amado.

O homem esperto que decifra a hora certa

E explica para senhora corcunda

O mecanismo do tempo marcado.

Splash!

O mergulho excitante do casco

do jabuti

espirra o segundo do tempo,

marcado que passa.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Mudança de hábito

Vomitar os hábitos, evacuar os cíclicos pensamentos.
Deixar de projetar em outro tempo-espaço
os vícios tropeços.
Afirmar o instante que existe já.
Da crise, permitir-se criar.
Organizar-se em ser plena, como poesia pura:

Ser.